sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Hoje quem fala sou eu!

Hoje quem fala sou eu!

Ontem eu não tava bem. É, não tava me sentindo bem, entendem? Aqueles dias em que dormimos demais (na verdade de menos mas perdemos a hora), o dia ta cinza e chuvoso (na verdade nem sei quando foi o último dia de sol aqui em Floripa), a casa está uma bagunça, não achamos nenhuma roupa que agrade, ficamos sem ideia de cardápio pro almoço (isso dá um post por si só)...enfim...AQUELES dias! Cheguei mega atrasada no trabalho, lá não conseguia me concentrar, a cabeça ficava mirabolando mudanças (nesses dias é proibido tomar decisões importantes). Daí que eu vim pra casa almoçar e meu corpo reclamou. Fiquei mole, sem vontade de me mexer, uma dor na barriga já se alojou e eu decidi não sair mais, ficar quietinha até tudo passar. Parênteses. São nesses dias que a gente quebra o salto, briga com o vizinho por que ele estacionou ultrapassando a sua vaga (o que não te atrapalharia em nada), bate o carro atrás de um senhor de idade, daqueles que cultivam o carro mais do que a própria esposa (isso já aconteceu comigo), rasga o fundilho da calça quando vai se abaixar pra pegar o brinquedo do filho que caiu (isso já aconteceu comigo também)...esses perrengues que acabam com o dia de qualquer pessoa que não esteja com um espírito Pollyanna. Fecha parênteses.
Sozinha, sem marido, sem filho, sem funcionária, dei uma pensada na minha vida, uma ajeitada na casa, nos brinquedos do João. Pra mim isso funciona demais! Organizar o “de fora” como se estivesse ajeitando o “de dentro”. Não sei se tenho TOC mas quando muita coisa aqui em casa está fora do lugar, eu começo a ficar agoniada, travada, como se a energia necessária não conseguisse fluir por aqui.
Daí que a tarde passou e foi chegando a hora de eu ir pra academia. Ir ou não ir? Meu corpo pedia pra ficar em casa mas eu decidi que talvez um pouco de serotonina fosse ajudar. Coloquei a roupa, escolhi uns dois CD´s, porque sabia que com a chuva provavelmente o trânsito ia estar horrível. Saí do prédio e coloquei Marjorie Estiano pra tocar no som. Sim, Marjorie!! Parece brega, adolescente mas o CD dela embalou a minha vida por um grande período de tempo e nada melhor do que músicas conhecidas pra gente cantar bem alto e espantar o baixo astral. Enquanto eu cantava uma música lá, me bateu uma nostalgia, de um tempo em que meu único compromisso na vida, era eu mesma! Faculdade, estágio, academia e no fim do dia uma saidinha com as amigas pra beber e jogar conversa fora. Quando mães tudo muda! A prioridade troca de lugar completamente e muitas vezes nós vamos lá para a quarta posição. Primeiro filho, depois o marido, depois a casa...nos primeiros meses essa troca é nítida e impossível de não acontecer. Mas com o tempo as coisas mudam e na verdade DEVEM mudar. Ás vezes quando convivo com outras mamães percebo um completo abandono delas em prol dos filhos. Isso é visível nas roupas que elas vestem, nos cabelos desgrenhados, no rosto sem uma maquiagem, no jeito como tratam os filhos. Não estou aqui fazendo uma crítica, longe de mim. Porque se tem uma coisa que aprendemos depois que nos tornamos mães, é tentar não julgar ao máximo (porque totalmente é impossível) as outras mães e num modo geral, as outras pessoas. Cada uma sabe aonde aperta o SEU calo! Mas também se tem uma coisa que eu aprendi depois que ganhei o João foi que não posso esquecer de mim por causa dele. Minha mãe uma vez me disse “Juliana não transfira toda sua felicidade pro seu filho porque depois eles crescem e vão embora” e eu levo muito isso na minha vida. Claro que tem aquele período básico de abdicação que eu mencionei ali em cima. Ainda mais eu que amamentei até 1 ano, ou seja, sempre tive muito o João como meu dependente. Mas depois eu voltei a ser a minha prioridade número 1 porque eu estando bem comigo mesma, consequentemente vou fazer bem pros que me cercam. Não quero lá na frente jogar as minhas frustrações por não ter feito o que eu quis em cima de um filho, ou de um marido, ou de uma profissão. Uma frase que meu pai sempre fala e é lema na minha cabeça é “Só você pode viver a sua vida”. Somente eu posso fazer as minhas escolhas, cuidar de mim, buscar a minha felicidade. Assim que pude, voltei a freqüentar uma academia (durante meses fui aqui no meu prédio mesmo enquanto João ficava com a babá), voltei a fazer minha drenagem, voltei a trabalhar (comecei com meio período e quando me senti pronta mudei pro dia todo), voltei a sair com as amigas (negociava com o marido, a avó, a dinda). Não posso negar que tive e tenho inúmeras vantagens como uma babá (apostei numa sem experiência e por isso mais em conta, ela ficou dos 3 meses aos 11 no período da tarde e depois ele foi pra escolinha), pais maravilhosos que me ajudam moral e financeiramente, um marido MEGA parceiro, um trabalho em que posso fazer os meus horários mas mesmo com tudo isso tem mulheres que se acomodam! Eu podia ter ficado em casa alegando cansaço, poderia ter desistido da babá e da escola quando saía e deixava João chorando a minha ausência. Mas eu escolhi me buscar, resgatar a Juliana cheia de vida interior que eu era antes. Que queria ler todos os livros do mundo, escutar todas as músicas, conhecer todos os lugares, rir com as amigas, ficar de bobeira vendo TV.
Sei que o texto está longo mas queria que vocês entendessem a mensagem. Às vezes é mais fácil ficar estagnada vendo a vida passar. Tive que abdicar um pouco do tempo que tenho pra ficar com o João pra ficar um pouco comigo mesma. Questiono-me um pouco quanto a isso mas todas as escolhas exigem renúncias. Quando estou com o João, sou totalmente dele, sento, brinco, estimulo, entro na barraca que tem no meio da minha sala, me considero uma boa mãe. Mas isso não quer dizer que eu tenha que ser 100% ele o tempo todo!

Ouvindo Marjorie tentei lembrar da Juliana de tempos atrás que ouvia essa mesma música. Os anseios de uma nova adulta, de uma menina cheia de sonhos, que sofria por amor e permitia-se degustar a melancolia desses sofrimentos. Apesar do tempo ter passado, eu ainda sou um pouco essa Juliana, hoje com sonhos diferentes, mãe, que não sofre mais por amor porque encontrou o seu, mas eu ainda sou eu!

Fui pra academia, malhei por quase 2 horas, suei na aula de bike e visualizei que dali a tristeza do dia ia se esvair. Voltei pra casa cantando bem alto, cheguei, preparei o banho do João, comi alguma coisa e esperei pelos dois amores da minha vida. João chegou sorrindo, brincamos, dei banho, brincamos mais um pouco e coloquei ele pra dormir. Olhando pra ele realmente, qualquer tristeza foi embora junto com a chuva lá fora. Tomei um vinho com o marido, recebi um email que me deixou muito feliz e fui dormir! Hoje amanheceu um dia lindo de sol e tudo passou (mas isso não quer dizer que outros dias como esse não virou...that´s life).
Bom final de semana, gente. Desculpem pelo longo texto mas foi um simples desabafo de mãe!

Beijo beijo

Um comentário:

Alice disse...

Juliana, quando e se eu for mãe, vou querer ser igual a ti! ahahah
Nossa como eu percebo isso nas minhas amigas, o "esquecer de si mesma". Não em todas, óbvio!
E aplaudo todas que não esquecem de si!
Mulheres felizes consigo mesma são mais amáveis, são mais doces, mais pacientes, mais VIVAS !
E não tem como isso não ser transmitido pra todo mundo que está na volta!
Mas sabe o que é pior, tem mulher que não é mãe, não tem marido, e ainda assim esquece de si mesma!
Adorei teu texto longo e me identifico com ele.... quantas vezes preciso me buscar denovo ...

Agora que tô passando um tempo aqui na Austrália tenho alguns momentinhos em que me sinto meio perdido de mim mesma, longe das minhas referências... mas é tão bom sair do palco corriqueiro da nossa vida e nos transportar pra outro cenário pra poder enxergar os personagens de outra forma, e principalmente ME enxergar de outra forma e reavaliar diversas coisas na minha vida!

Nada como um tempo só pra gente! Tendo filho ou não! Né!?
beijos
Alice