quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Fala, Laís!

Mamães, na busca de um perfil legal e diferente de mãe pra entrevistar aqui, pensei na Laís, uma amiga que foi mãe aos 16 anos. Diferente no sentido dos perfis que já apareceram por aqui porque gravidez ainda na adolescência é muito freqüente em todos os lugares do mundo. Garanto que todas vocês conhecem alguém que se descobriu mãe cedo e teve que amadurecer de repente pra poder cuidar de um filho. O que eu vejo que acontece muito é a grande participação dos avós nesse processo mas no caso da Laís não. Apesar de ela ainda morar com a mãe, é totalmente atuante na educação do Leonardo, sem confundir a relação de mãe-neto-avó.

Laís, queria te parabenizar desde já porque eu imagino que não seja nem um pouco fácil ser mãe cedo, numa época em que ainda estamos nos descobrindo como pessoa e ter que encarar concomitantemente a responsabilidade de criar um filho. Parabéns por encarar de frente a maternidade e por tomar as rédeas da educação do Leonardo mesmo sendo mais fácil entregar isso para sua mãe.

No final da entrevista tem 3 perguntas respondidas pela mãe da Laís, a Andréa.


JOGO RÁPIDO

NOME: Laís Linhares Mendes
IDADE: 21 anos
QUANTOS FILHOS E QUAIS IDADES: Um – Leonardo de 5 anos.
ESTADO CIVIL: Solteira

CORRERIA DO DIA COMO MÃE: Assim como muitas mães a minha rotina do dia-a-dia é bem agitada (mas conto com a ajuda da minha mãe). Acordamos cedo, o Leo vai para “recreação” e eu pra Faculdade. Meio dia voltamos pra casa, almoçamos e o Leo vai para a escola e eu pro trabalho. Final do dia retornamos pra casa novamente e começa o ritual: banho, janta, brincadeiras, desenho, jogos, filmes; provas, trabalhos, livros, casa.
Apesar de agitada - às vezes com episódios estressantes - nos viramos bem nessa correria diária. Porem, a sensação de não dedicar tempo e atenção suficiente ao filho esta sempre presente.

PERGUNTAS:

1) Laís não posso deixar de começar perguntando como foi a sua reação com a descoberta da sua gravidez?
R: A primeira reação foi de susto, mas de imediato parece que é brincadeira, não assimilei no primeiro momento. Quando a “ficha caiu” o medo se juntou ao susto. Depois - quando já tinha um apoio, uma base – senti uma mistura de alívio, felicidade, medo e insegurança. Com o passar dos meses os sentimentos foram ficando mais claros, consegui curtir minha gravidez, que foi muito tranqüila.

2) Pra quem você contou primeiro e qual foi a reação dos seus pais, principalmente da sua mãe? Porque apesar de eu não ter engravidado na adolescência a minha gravidez também não foi planejada e a reação da minha mãe, que como mãe sabia tudo o que iria enfrentar, foi a de maior preocupação.
R: A primeira pessoa que eu contei foi para o pai do meu filho (que na época já não era mais meu namorado). Mas na minha família a minha mãe foi a primeira a saber. A reação dela foi calma (na medida do possível), mais com certeza repleta de muita preocupação e angústia – um misto de sentimentos. A primeira reação do meu pai foi um pouco mais “nervosa” e rude.

3) Como você conseguiu na época conciliar as conseqüências de uma gravidez (dúvidas, cuidados e expectativas) com a sua vida rotineira de adolescente (estudos, festas, amigos e a construção do seu futuro).
R: Algumas coisas relacionadas à vida de adolescente eu tive que abrir mão. Mas eu freqüentei a escola ate o 8º mês de gestação, e consegui me formar no ensino médio com a minha turma. Estar entre os amigos nesse período me ajudou em relação as minhas expectativas de grávida, a lidar com os meus sentimentos confusos e a entender que a vida não iria parar por ali. Na bem da verdade eu não tinha muita noção do que era ser mãe, não sabia o que me esperava. Eu lia livros, assistia programas na TV. Minha mãe me orientou sempre. Não foi um momento fácil, mas passei por ele da melhor maneira possível, e aprendi muito, principalmente sobre mim mesma.

4) Como foi a reação das suas amigas? Elas te ajudaram ou se afastaram como acontece com muitas meninas que eu conheci? Você sentiu muito preconceito?
R: As minhas amigas foram as melhores e são até hoje, tive total apoio delas, participaram de todo o processo e hoje em dia ainda participam da vida do meu filho. Claro que tive uma ou outra decepção, mas no geral não senti muito preconceito das pessoas próximas.

5) Como foi a participação do pai do Leonardo, desde o princípio. Vocês mantiveram algum relacionamento depois da descoberta da gravidez?
R: Não estávamos mais juntos e continuamos dessa forma. A família do pai dele é muito presente – desde a minha gravidez até hoje. A relação com o pai é boa, eles sempre tiveram contato, apesar de não ser uma relação intensa de pai e filho.

6) Qual foi a maior dificuldade que você encontrou como mãe adolescente?
R: Além das dificuldades normais de uma mãe de primeira viagem, acredito que a maior dificuldade é a interrupção da adolescência – que é um período onde o jovem precisa do seu espaço, de atividades para expressar os sentimentos e vivenciar eles – com a descoberta de uma gravidez. Conseguir se adaptar a esse novo momento e entender que dá pra conciliar os dois papéis.

7) Como é a sua relação com o seu filho hoje? Ele já entende que você foi mãe mais cedo do que a maioria, que você ainda estuda e mora com a sua mãe? Ele te faz algum questionamento a respeito?
R: É uma relação de mãe e filho, muito intensa e forte. Não sei se ele consegue entender que eu sou mais nova que as outras mães, tento não ser “diferente” das outras mães. Entre os amiguinhos dele, existem aqueles filhos de pais separados que moram com as mães, mães e avós e por ele estudar na escolinha da UFSC, a maioria das mães e/ou pais também estudam. Questionamentos ele faz alguns, em momentos específicos, acredito que agora ele esteja entrando em uma idade que vai começar a querer entender a família e vai começar a perguntar mais.


8) O que você teve que interromper com a chegada de um filho aos 16 anos? Como foi ter que amadurecer tão de repente?
R: Eu não diria que tive que interromper alguma coisa, pois os estudos eu terminei no tempo normal e não tinha uma carreira profissional. Foi preciso abrir mão de certas coisas, como: sair à noite, balada, festas, etc. Eu não senti essa pressão de ter que amadurecer, quando eu percebi já tinha “crescido”, de repente eu me sentia diferente. E conforme o tempo ia passando, eu ia me deparando com situações diferentes, aprendendo a lidar com cada “fase” do Leo, conhecendo cada vez mais o meu filho e essa relação tão única entre mãe e filho. E aí eu amadureci, cresci. Quando eu vi, não era mais uma menina. E eu me senti muito bem!

9) Na adolescência o nosso corpo ainda está em transformação. Qual foi a principal mudança no seu corpo após a gravidez e depois da amamentação?
R: Os meus seios foram os primeiros a engravidar, a transformação foi muito aparente, já se notava antes mesmo de eu descobrir a gravidez. E após a amamentação também foram eles os que mais se modificaram.

10) Qual conselho você daria pras mamães adolescentes baseado em tudo o que você viveu?
R: Que elas percebam que é possível viver a adolescência e se divertir, basta saber conciliar os dois papéis – de ser mãe e adolescente – e se adaptar.

Agora as perguntas para a mãe da Laís:

1) Qual foi o seu principal pensamento e preocupação quando você descobriu a gravidez da Laís?
Pensei que ela teria que mudar um pouco seus planos do momento e curtir a vida que estava chegando. Minha preocupação era ajudá-la a ser mãe tão nova e continuar a cuidar dela como minha filha. Sabia que a responsabilidade que estava chegando era grande, mas que ser mãe foi para mim uma experiência muito boa e que podia ser para ela também.

2) Você interfere muito na educação do Leonardo ou age como uma verdadeira avó, daquelas que mima bastante?
Ajo como uma verdadeira avó, que ama muito e ajuda na educação quando a mãe solicita, o que nao são muitas vezes. Dizem que mimo bastante, mas eu acho que não é muito.

3) Como você acha que é a Laís como mãe?
Excelente! Trata ele com respeito e muito carinho. Se preocupa em cuidar dele em todos os detalhes. Podia gostar de comer mais coisas saudáveis.

Espero que vocês tenham gostado!!! E pras mamães que se encontram nessa situação eu desejo muita força!! E o meu respeito e admiração!!

beiijo beijo

3 comentários:

Anônimo disse...

Laís, parabéns pela mãe que está sendo, sempre imaginei que, com a mãe que você tinha, tudo seria mais tranquilo, como realmente foi... Andréa, parabéns pela filha e por saber ser a avó/mãe que você é. Eu sabia que seria uma experiência boa, porque você é especial! Bjs, Mauren

João Lélis disse...

Laís, não te conheço mas conheço sua mãe durante um período muito bom da minha infância. Parabéns pela mãe que você se tornou. Não deve ter sido fácil passar por todas essas transformações, julgamentos precipitados de algumas pessoas que, certamente, devem ter ocorridos, amadurecimento precoce, talvez, enfim, deve ter sido difícil para você. Ao mesmo tempo que acho que deve ter sido difícil, sem o apoio de sua mãe teria sido muito mais difícil ainda. Ainda bem que você tem a mãe que tem. Que esteve do seu lado nos momentos difíceis e tenho a certeza que te apoiará sempre. Parabéns a vocês duas. Um abraço Andréa.

Eliane Baron Pinheiro disse...

O que me surpreendeu foi teres recebido somente comentários de homens, um grande avanço e que comprova a mudança dos tempos. Mas admiro sua atitude,o modo que cuidas e educas o Leo e o amor e respeito que ele tem pelas mulheres da vida dele. Sei da veracidade do sentimento da Andrea pois foi com ela que tive o maior incentivo para comemorar minha entrada no grupo seleto das avos.